Richard Noll

Em primeiro lugar devemos reconhecer que o livro do Noll é bem escrito e resultou de uma cuidadosa pesquisa, com uma ampla busca de conhecimentos.
Para quem nunca leu ou folheou o ‘O Culto de Jung’, é preciso que se diga que Noll é um detrator de Jung. Sua explanação é tendenciosa e bastante equivocada. O autor distorce as palavras de Jung e percebesse que não entendeu suas idéias, se é que chegou a lê-las completamente (as obras completas de Jung somam 9.281 páginas e um ser humano comum só começa a entender um pouco da sua obra a partir da terceira leitura).
Noll não faz distinção entre Jung e junguianos e também mistura a visão dos junguianos daqueles que usam as teorias de Jung para sedimentar dogmas (Nova Era, Gnosticismo, orientalistas, místicos, etc.). Mesmo no panorama que apresenta de Jung, mistura com certa ingenuidade, sua pessoa humana com suas idéias e sua obra.
Por outro lado, Noll prestou um grande serviço (principalmente no Brasil) para a difusão das idéias de Jung. Uma grande personalidade só começa realmente a ‘aparecer’ quando surgem seus detratores e difamadores.
Para quem aprecia Jung e suas obras, assim como a de seus discípulos, é bom tomar conhecimento de um Jung mais humano e mais perto de nós. O livro é também um alerta para as ‘sociedades junguianas’ que deveriam ser menos elitistas e se preocuparem mais com a difusão do ‘verdadeiro Jung’.
Noll apresenta uma série de frases que são verdadeiras, mas no conjunto não fazem nenhum sentido e não acrescentam nada para o crescimento do ser humano. Lembro de um dito suíço citado por Jung: “O que transborda do coração sai pela boca”.

Paulo Costa de Souza