C. G. Jung
As cartas de Jung foram selecionadas por A. Jaffé e G. Adler e catalogadas por data. Em um trabalho de censura, foram eliminadas as de cunho muito pessoal e mesmo assim restaram cerca de 1.000 cartas reunidas em 1.275 páginas. A editora Vozes publicou-as em três volumes: ‘1906 até 1945’, ‘1946 até 1955’ e ‘1956 até 1961’; possivelmente por razões editoriais.
Podemos inquirir o porquê de ler a correspondência particular de Jung se temos os seus livros em português. Eu diria que é por questões de sabor; as cartas são gostosas de ler e apresentam um tempero especial. Ora é a malícia, ora a jocosidade, ora a sinceridade, ora a irritação e até pitadas de puxões-de-orelha.
Jung surge mais descontraído e nos diz coisas que nunca encontramos em seus livros, como por exemplo, se teríamos vida depois da morte. Discute a relação entre o ‘bem e o mal’ com o padre White e vai até o rompimento das relações. Pondera com E. A. Bennet sobre a ‘comprovação científica’ quando o assunto é ‘arquétipo’. Encontramos uma carta para um seu discípulo alemão, no pós-guerra, que é uma verdadeira jóia literária sobre o desvario humano. Escreve para Hermann Hesse, James Joyce, Conde Keyserling, Heinrich Zimmer, Mircea Eliade, Wolfgang Pauli, Joseph B. Rhine, Karl Kerényi, etc., enfim, é uma cornucópia de escritos de alta sensibilidade.
Se desejarem, façam como eu: coloquem os livros no criado-mudo e, toda noite, antes de dormir, leiam um pouquinho. Com certeza os sonhos vão ficar mais fáceis de compreensão e o despertar mais luminoso.
Paulo Costa de Souza
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