Recentemente, um novo relatório conduzido pela GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation) mostrou que cinco das redes sociais mais populares não estão priorizando a segurança da comunidade LGBTQIAP + — e você merece saber disso porque usamos essas plataformas o tempo todo.
Estou falando do TikTok, Instagram, Twitter, Facebook e YouTube — aliás, plataformas sociais que são constantemente atualizadas com mais ferramentas para Marketing ou apenas para uso comum.
Basta mencionar o nome desses gigantes para entendermos que, sim, é necessário que essas marcas priorizem a segurança de seus usuários contra qualquer tipo de preconceito e discurso de ódio. Mas minha intenção aqui é ir além e mostrar por que e como esse precisa ser o posicionamento (e qual deve ser o nosso caminho — como profissionais de Marketing, marcas e usuários dentro dele).
Entendendo o Índice de Segurança de Rede Social
O Social Media Safety Index (SMSI) é um estudo desenvolvido pela GLAAD para entender e fornecer recomendações ao mercado sobre a segurança do usuário LGBTQIAP+. Na versão 2022, o relatório tem uma faixa de pontuação para avaliar as plataformas.
De acordo com o relatório:
“A plataforma utiliza doze indicadores específicos para LGBTQIAP+ para gerar classificações numéricas em relação à segurança, privacidade e expressão da comunidade. Depois de analisar as plataformas sobre medidas como proteções explícitas contra ódio e assédio para usuários LGBTQIAP+, oferecendo opções de pronome de gênero nos perfis e proibindo publicidade que possa ser prejudicial e/ou discriminatória para pessoas LGBTQIAP+, todas as plataformas pontuaram abaixo de 50 dentro dos 100 pontos possíveis.”
A versão completa do relatório explica o que as empresas infelizmente não fizeram para proteger os usuários LGBTQIAP+ e dá orientações importantes para que mudem isso.
Como parte da empresa Meta, Instagram e Facebook tiveram uma média de 48 e 46, respectivamente. Algumas das principais razões são que ambas as plataformas da Meta não têm uma política que proteja os usuários de deadnaming e misgendering direcionados. Outro ponto do relatório é que “a Meta também divulga apenas informações limitadas sobre as opções que os usuários têm para controlar a coleta e a inferência de informações do usuário relacionadas à sua orientação sexual e identidade de gênero pela empresa”.
Enquanto isso, o Twitter, objeto de desejo e ao mesmo tempo de recusa de Elon Musk, obteve 45% dos 100%. Alguns pontos que derrubaram a nota foram que a plataforma do pássaro azul não possui uma ferramenta para pronomes de gênero no perfil e também, de acordo com o relatório, os moderadores de conteúdo não possuem treinamento sobre as necessidades do usuário LGBTQIAP+ e outros grupos vulneráveis.
O Youtube marcou 45% dos 100%, e os principais motivos repetem os erros de seus colegas de plataforma: nenhuma opção para pronomes de gênero, nenhum treinamento para moderador de conteúdo e nenhuma política que proteja os usuários de deadnaming e misgendering.
O TikTok, o queridinho da Geração Z, também deixou a desejar, com pontuação de 43%. Eles foram a única empresa que não divulgou nenhuma informação sobre as práticas para criar uma força de trabalho mais diversificada.
Por que esses números são tão ruins para a sociedade e a comunidade LGBTQIAP+?
Eu sei que é fácil pensar coisas como “ah, a rede social precisa agir para a segurança de todos os usuários”. E eu concordo, é claro; ao mesmo tempo, isso não significa que não tenhamos que dar uma olhada em grupos específicos.
“Os iguais devem ser tratados igualmente e os desiguais desigualmente”, assim dizia o filósofo grego Aristóteles.
Sim, fui à Grécia antiga para falar sobre redes sociais. Mas eu juro que isso faz sentido.
Primeiro, veja esses dados do Relatório de Ódio e Assédio Online de 2022:
66% dos entrevistados LGBTQIAP+ relataram ter sofrido assédio até o momento.38% foi a taxa de entrevistados que não fazem parte da comunidade LGBTQIAP+.54% dos entrevistados LGBTQIAP+ também relataram ter sofrido assédio grave até o momento (definido como ameaças físicas, assédio sustentado, perseguição, assédio sexual, doxing ou swatting).26% é a taxa para respondentes que não fazem parte da comunidade LGBTQIAP+.
Agora, reflita sobre os números…
Temos uma diferença considerável entre as taxas de entrevistados LGBTQIAP+ e não LGBTQIAP+. E é por isso que evoquei Aristóteles diretamente da Grécia antiga para falar sobre como as empresas precisam urgentemente traçar ações de equidade para a segurança da comunidade LGBTQIAP+ nas plataformas de rede social.
Afinal, essa diferença entre os dados mostra quem são os usuários mais vulneráveis por conta da orientação afetivo-sexual. E, consequentemente, quem precisa de ajuda e proteção mais rapidamente.
Transformando eles (e nós) em bons aliados
Vou listar abaixo ações efetivas para ser uma plataforma aliada — não precisamos de empresas apenas mudando seu logotipo no Mês do Orgulho, precisamos de consistência e vigilância.
Crie políticas para proteger os usuários LGBTQIAP+, principalmente sobre identidades de gênero. Por exemplo, opções para adicionar pronomes e também decidir quem pode ver essas informações; e maneiras de não expor deadnamings.Divulgue (muito) qualquer política que vise apoiar a comunidade LGBTQIAP+. Certifique-se de que os usuários concordem com isso e, se esse acordo for quebrado, limite as ações dos usuários infratores. Que tal criar mecanismos para excluir automaticamente comentários com palavras-chave que indiquem homofobia, discurso de ódio ou qualquer outro tipo de discriminação?Proteja os dados confidenciais de seus usuários para que aqueles que anunciam em sua plataforma não possam expor ou explorar ninguém. Lembre-se: a comunidade LGBTQIAP+ também é consumidora, e não é inteligente que muitas empresas ofereçam anúncios para eles em espaços nos quais a discriminação é aceitável. E garanta que você não está vendendo seu espaço para empresas homofóbicas, racistas, capacitistas ou que toleram qualquer tipo de discriminação.
Vamos ser o tesouro no final do arco-íris
Hoje, as plataformas de rede social mais importantes não estão priorizando a segurança dos usuários LGBTQIAP+, e é possível converter isso, mas precisamos querer fazer isso acontecer.
É fato que o mundo ainda vive cheio de desafios para a comunidade LGBTQIAP+. Nos Estados Unidos, por exemplo, basta olhar para as batalhas judiciais e parlamentares para ver que a comunidade sofre discriminação nos serviços de saúde.
O caminho de luta é longo, mas hoje temos alguns recursos que não tínhamos há muito tempo, como as redes sociais. Elas podem e devem ser aliadas porque estão presentes em nosso cotidiano e sua presença é uma grande influência para a sociedade.
Como usuária LGBTQIAP+ e profissional da Diversidade, Equidade e Inclusão, é decepcionante que essas plataformas tenham tanto poder e prefiram não agir (e não agir nesse contexto significa colaborar com a LGBTfobia).
Ao mesmo tempo, penso e espero que esses dados possam ser um alerta para que empresas acelerem o passo da mudança. Porque é o certo e também é melhor para todo mundo, em termos sociais e financeiros.
Então, para encerrar esse debate (por enquanto, claro) é importante lembrar que nosso papel como sociedade e usuários é exigir esses posicionamentos. Além disso, como empresas e profissionais, precisamos ter certeza de que também estamos olhando para isso no lugar que ocupamos.
Você está fazendo algo para acelerar o passo da mudança? Não importa onde você esteja, sempre há algo a fazer para construir uma sociedade melhor para todas as pessoas.
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Fonte do artigo:
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